Comer é uma das coisas que mais amo fazer nesta vida. E não basta comer, é preciso sentar e aproveitar o momento. Com criança pequena isso fica bastante difícil, então eu posso dizer que gosto bastante de restaurantes com espaço kids, ou aqueles que minimamente tem um giz de cera pra criança se distrair.
Muito embora eu não aproveite muito, primeiro porque não sou frequentadora assídua de restaurantes (bem que eu gostaria), segundo porque meus filhos mais velhos não curtem muito ficar nesses espaços sozinhos, ou seja, papai ou mamãe precisam ficar se revezando pra acompanhá-las nos brinquedos e terceiro porque meu filho mais novo não tem idade pra ficar sozinho.
Mas ainda sim eu gosto de frequentar restaurantes com espaço kids, para que eles sintam que existe um espaço pensado neles, um espaço que é para eles. É uma forma de mostrar a eles que são bem-vindos.
Acontece que muita gente encara o espaço kids como um depósito de criança. Você chega no local, dá seu nome e o da criança, larga ela lá dentro e sai fora. Simples assim. Volta horas depois.
Isso é culpa do espaço kids? Claro que não, a culpa é da cultura que temos, onde as crianças não tem que querer nada, onde a infância não tem vez. A cultura da individualização cada vez mais exacerbada, onde cada um quer o seu próprio bem e dane-se o outro. A cultura que não enxerga a infância como momento fundamental para o desenvolvimento humano. A cultura que segue deixando as mães às margens, sobrecarregadas, culpadas e com os filhos no colo.
Mas eu devo dizer que não acredito que espaço kids deva existir em todo e qualquer restaurante. Explico.
Você realmente acredita que todo lugar “kids friendly” é um local que se preocupa com as crianças ou simplesmente está de olho em atrair famílias para aumentar o faturamento?
Eu estava no espaço kids de um restaurante grande. Havia uma banda tocando no palco, ou seja, mesmo no local reservado para as crianças era difícil falar sem gritar, porque a música alta não permite.
Eu presenciei uma menina de uns 4 anos sendo deixada no chão do lugar aos prantos e lá ficou largada, porque tinha somente 1 recepcionista e 1 monitora para cerca de 20 crianças. A pessoa deu o nome dela, da criança, colocou a pulserinha na menina e foi embora.
Lá era proibido crianças menores de 3 anos sem acompanhante e dependendo da idade a criança ficava com uma pulseira amarela com o aviso para o responsável de que dali 20 minutos deveriam verificar a criança, pois elas sentem fome, sede, choram ou querem ir ao banheiro.
Conversei com a monitora por um tempo e ela me contou que lá fecha às 23h e disse que até essa hora tem criança lá dentro. Comentou que uma vez teve um show e era mais de meia noite tinham 4 crianças lá e os pais não atendiam o celular, não apareciam e uma das crianças até perguntou, chorando, claro, se seria abandonada novamente, se iriam chamar o conselho tutelar.
Eu não tô falando de um botequinho da esquina. tô falando de um restaurante que paga pra entrar e a comida (e bebida!) lá dentro não são baratas.
A monitora comentou também que os pais bebem demais e qualquer coisa que acontece lá dentro, eles voltam xingando e arrumando confusão.
Cuidar de filho é uma tarefa avassaladora, que te exaure ao máximo e quem não quer dar um rolezinho, não é mesmo? Este não é um texto de julgamento, tampouco de condenação, este texto é um convite à infância, porque se todo mundo se preocupa com a infância e compreende que a criação de uma pessoa não é feita exclusivamente pelos pais ou cuidadores principais, todo mundo aproveita.
É preciso uma aldeia para se educar uma criança - provérbio africano
Se todo mundo se comprometer um pouquinho, se combinar direitinho, todo mundo dá seu rolezinho no final de semana e a infância fica protegida.
Um texto muito interessante sobre a importância de um espaço público mais compartilhado.
O prazer de ter livros e a leitura como certeza de felicidade.
Não conhece Vasalisa e Baba Yaga?
É curioso ver filmes (ou ler livros) que fizeram nossa cabeça na juventude, mas que hoje não sei se faz tanto… Mas esse eu continuo amando:
Digo o mesmo para filmes infantis. Os atuais são tão mais dinâmicos que os antigos. Mas este aqui eu amava assistir na sessão da tarde s2
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Parece que agora os livros finalmente vão chegar, mais uma ou duas semanas os exemplares devem estar comigo e já vou programar um lançamento presencial. Em muito breve, vocês vão conhecer como as amizades acabam.
Com carinho,
Fê
Dentre tantas mazelas, porque haveriam de ser as crianças que pagam a conta?
Obrigada por este texto amiga!!